18 de abril de 2006

V de Vingança e Todos Os Homens do Presidente

Esse eu vi no Kino Krazy, do Sérgio Andrade. Eu não sou muito fã de testes, mas este é deveras interessante. Aproveitem, e depois me digam que bicho deu! (=

PS. cachorro: o tal do teste é em ingrêis. /=
felipe, editor cine art


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V de Vingança



V for Vendetta, EUA/Alemanha, 2006. DE James McTiegue. COM Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, Sthephen Fry, John Hurt. 132 min. Warner. AÇÃO.

É muito bacana quando percebemos que uma obra conseguiu sobreviver ao tempo. È o caso, por exemplo, da graphic novel V de Vingança, escrita no final dos anos 80 – e que chega aos cinemas de forma assustadoramente atual. A história do anarquista que se ergue sobre o regime fascista na Inglaterra de um futuro próximo ganha, nas mãos dos irmãos Wachowski (assinando como roteiristas e produtores), uma roupagem atual sem perder nada de sua existência. O mais fascinante em V de Vingança, o filme, é o quanto ele consegue tocar em nervos expostos no momento em que a América ainda suporta as mazelas de uma administração equivocada – sem referências explícitas, mas é impossível não se pensar em Bush quando é explicado que a Inglaterra mergulhou em um regime de medo, que instaurou toque de recolher e pune homossexuais, liberais e qualquer vestígio de pensamento livre para não sofrer o mesmo destino dos EUA, destruído por uma guerra civil causada pela invasão a um país estrangeiro (!). Mas V de Vingança não seria nada além de panfletário se não fosse o seu ponto moral e emocional: Every Hammons (Portman, espetacular), a moçoila resgatada por V, que, aos poucos, vê o seu véu de conformismo erguido em anos de complacência ser retirado. V de Vingança é um filme quase-perfeito (ele se torna mastigado demais em seu clímax), mas isso não desmerece o seu lugar no paraíso. Não só por trazer uma visão de criador prum filme de ação, mas principalmente por não temer suas idéias.

Por Felipe


Todos Os Homens do Presidente



All The President’s Men, EUA, 1976. DE Alan J. Pakula. COM Dustin Hoffman, Robert Redford, Jason Robards. 138 min. Warner. DRAMA.

Nestes tempos sombrios em que a maioria dos norte-americanos coloca em xeque a democracia de seu país e os jornalistas locais são presos por não revelarem suas fontes, parece obra de ficção a história de dois jovens repórteres que, usando apenas a força das palavras, conseguiram derrubar altos funcionários do governo, levar ministros e assessores da Casa Branca à cadeia e forçar a renuncia de seu presidente. Tudo começou na longínqua noite de 17 de junho de 1972, quando cinco homens foram surpreendidos arrombando a sede nacional do Partido Democrata, no conjunto de edifícios Watergate, em Washington. O que parecia ser um simples assalto ganhou desdobramento épico e deflagrou o maior escândalo político da história dos EUA. E também rendeu a chamada “reportagem do século”, co-assinada por Carl Bernstein e Bob Woodward, do Washington Post. Lançado no cinema há três décadas atrás (ou dois anos depois da renúncia do famigerado Richard Nixon), Todos os Homens do Presidente continua sendo a única dramatização desse extraordinário episódio político-jornalístico. E que ninguém se meta a fazer uma refilmagem: a obra do falecido Alan J. Pakula, referência em qualquer curso de jornalismo decente, permanece impecável do início ao fim. Sua narrativa realista, quase documental, reproduz cuidadosamente todas as etapas da investigação empreendida de Bernstein (Hoffman) e Woodward (Redford), sem perder o pique. A direção de arte – laureada com o Oscar junto com ator coadjuvante (Jaso Robasrd), roteiro (William Goldman) e som – é um show à parte. Pra se ter uma idéia, a redação do Post foi minuciosamente reproduzida em estúdio, para onde foram trazidas latas de lixo e diversos outros objetos da verdadeira redação. Impecável e obrigatório.

Por Felipe