14 de março de 2008

A Morte de um Bookmaker Chines (1976), de John Cassavetes

Cassavetes se depara com um cinema de gênero, o que não é o seu habitual. E que não significa muito também, já que o filme se apresenta menos como uma trama de suspense/máfia do que uma série de situações cotidianas que acompanham o carismático dono de uma casa noturna, Cosmo Vitelli (Ben Gazarra, num excelente momento), em um profundo estudo existencial de personagem. A câmera de Cassavetes mantêm uma distância claustrosfóbica em Cosmo dentro dos enquadramentos. Cada olhar de Gazarra ganha um valor expressivo e sentimental impressionante. Uma carga dramática inesperada para um filme que aparenta superficialmente uma trama bem definida e linear (como se isso fosse possível para Cassavetes): um sujeito que aceita a missão de matar um bookmaker para se livrar das dívidas que arranjou com a máfia, típico enredo de filmes exploitation da época, mas com o charme e o estilo improvisado de John Cassavetes.