28 de março de 2008

O Raio Verde (1986), de Eric Rohmer

Se cada ser humano consiste em um conjunto de características que formam uma personalidade única, então cada filme de Eric Rohmer, por mais que tenha uma estética homogênea, pode ser considerado único, tendo em vista que seus filmes são estudos de personalidade e comportamento humano. No caso de O Raio Verde, o foco é Delphine, uma moça desajustada, insatisfeita e sensível. Em suas férias ela viaja, não consegue se relacionar com as pessoas, volta à Paris, sente-se sozinha, viaja novamente e se decepciona com todos a sua volta. Fica sempre à espera de algo que preencha um vazio que ela tenta esconder, mas que todos percebem. A certa altura, ela ouve falar do Raio Verde de Julio Verne, que trata sobre o ultimo raio de luz lançado pelo sol ao se por no horizonte. A pessoa que conseguisse observar o fenômeno seria capaz de ver os pensamentos e sentimentos das pessoas a seu redor. É um belo filme, delicado e muito bem encenado com um tom de improviso. Os diálogos parecem que não foram escritos, mas simplesmente filmados. Os planos de Rohmer são simples e captam o essencial, inclusive no desfecho seco quando o filme revela a que veio e finalmente Delphine se depara com seu destino.