Um assunto de Mulheres


Une affaire de femmes, França, 1988.
DE Claude Chabrol.
COM Isabelle Huppert, François Cluzet, Nils Tavernier. 108 min.
DRAMA.

A mais interessante percepção absorvida em
Um Assunto de Mulheres é a forma como Claude Chabrol negligencia todas as formas possíveis de manipulação dramática perante o publico. Outro ponto a destacar é a própria direção do cineasta que abre mão dos seus planos elaborados, influenciados por Hitchcock, limitando em filmar o necessário, com simplicidade, sem sobressaltos, dificultando mais ainda a empatia com os personagens. No caso, Marie, vivida por Isabelle Hupert, que em plena segunda guerra mundial empreende-se em uma profissão ilícita e clandestina. Dificilmente o público se identifica com a protagonista, e esse nem é o objetivo de Chabrol. Apesar disso, sua personagem é completa, e nela se estrutura o filme, graças ao belo trabalho de interpretação de Hupert. Marie sonha em ser cantora, tem dois filhos, procura ser uma mãe dedicada e trabalha sempre em prol dos seu sonho, mesmo que esse trabalho tenha um certo risco. Além disso perde gradativamente seu amor pelo marido que luta na guerra e quando retorna, se afasta de vez. Recentemente,
O Segredo de Vera Drake, do inglês Mike Leigh, levantou um tema similar em alguns pontos da narrativa com este aqui, porém com uma personagem que é totalmente o oposto de Marie. Os espectadores têm repulsa de Marie, julgam errado o que ela faz, ao contrário da boa e ingênua Vera, na qual o publico cai no maquineismo de Leigh. Chabrol já era um diretor maduro quando fez
Um Assunto de Mulheres e não se importava de criar uma protagonista maldita. O final frio, quase indiferente, não choca, mas pesa no consciente, faz o publico querer voltar atrás nos julgamentos. Tarde demais. Chabrol encerra de forma direta e rápida. Uma experiencia hermética, até para os conhecedores de sua obra.
por ronald
ao som de automatic stop, strokes