6 de outubro de 2007

Alguns Filmes...

Tô cansado de colocar estrelinhas, firulinhas e aquelas coisinhas bonitinhas que o Felipe gostava. Como ele já não escreve há tempos, o negócio é simplificar! Segue aí dois filmes que valem a pena comentar de uma maneira mais informal... e boa leitura!


Os Anjos Exterminadores: Quando realizou Coisas Secretas em 2005, o diretor Jean Claude Brisseau não imaginava a repercussão negativa que atingiria pessoalmente sua vida ao colocar suas atrizes em cenas explícitas de masturbação e sexo. Agora, ele resolveu transformar em ficção toda a polêmica história que rolou durante as audiências e testes com as atrizes até aos fatos que degringola em acontecimentos absurdos de violência física e psicológica. Os Anjos Exterminadores também traz cenas de masturbação feminina explícita e o estilo autoral de Brisseau ao conduzir toda essa gama de situação afrodisíaca torna tudo mais interessante, ainda mais quando a história transcende para o plano espiritual na personagem de um anjo que acompanha o protagonista na sua busca de captar o prazer feminino e testar os limites que existe entre a arte e o íntimo do ser humano.


Império do Sonho: O novo trabalho de David Lynch é ainda mais hermético que Estrada Perdida e Cidades dos Sonhos (seus filmes mais “complicados”, digamos assim...). Inland Empire é uma experiência cinematográfica ímpar e transcendental que transporta o espectador num estado alucinógeno com belas e chocantes imagens desenvolvidas por Lynch. Em A Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos, o diretor estruturava uma narrativa sem preocupações em dar sentido ao todo, mas sempre se apoiava num gênero cinematográfico que servia de base para prender a atenção. No caso de Cidade dos Sonhos, a compreensão total é possível após algumas revisões e reflexões, definindo o que é sonho e o que é realidade, e a ordem cronológica que Lynch embaralha nos 20 minutos finais. Em Império dos Sonhos, o diretor se aproveita do formato digital e traça uma narrativa desamarrada de qualquer detalhe que poderia auxiliar o espectador na busca da compreensão desestruturando espaço-tempo-sonho-realidade-alucinações-etc... O filme é um delírio, uma jornada de imagens oníricas que, obviamente, tentar compreender estragaria por completo, uma vez que, senti-lo, captar sua essência através de suas imagens, é muito mais prazeroso e necessário.
por ronald