8 de abril de 2007

300

300



300, USA, 2006. DE Zack Snyder. COM Gerard Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro. 117 min. AÇÃO.

Agora sim, 300! Tanta coisa já foi comentada em blogues e sites de cinema que resolvi fazer apenas uns breves comentários a respeito do filme, já que o outro crítico desse mísero blogue, que deveria fazer suas análises mais detalhadas, não atualizou na devida data, e também porque já passou da hora desse espaço se pronunciar sobre o assunto, já que era uma das produções mais esperadas do ano. Bom, 300 é um filme falho. Filmado em estúdio preguiçosamente com fundo azul para serem inseridos cenários digitais. Possui um roteiro superficial com diálogos pífios e atuações exageradas com atores sarados de sunga em grande parte do filme. Mas e daí? O filme não tem qualquer intenção de ser o filme perfeitinho metafisicamente, filosoficamente, históricamente, muito menos essencialmente falando. Se há falhas, paciência aos chatos, o filme tem o objetivo de entreter com suas cenas visualmente incríveis que, mesmo criadas em computação gráfica, recriaram perfeitamente a estética que o próprio Frank Miller imaginou em 300 de Esparta, o grafic novel no qual o filme foi baseado.

Pode ser preguiça filmar em estúdio? Pode! Mas que a plasticidade de algumas cenas é de encher os olhos, isso é! Como na cena em que o jovem Leônidas encara um lobo, ou quando, de novo, Leônidas, escala uma montanha na penumbra da noite. Mas principalmente nas batalhas que vislumbramos as imagens mais interessantes. Filmadas com bastante exagero, os soldados espartanos fazem uma verdadeira chacina contra os persas, com direito a membros amputados e o sangue espirrando às sete bandas. Tudo de maneira estilizada, exagerando em câmeras lentas e focalizando bem a violência em torno de toda a batalha, sem a mínima preocupação com a realidade. A fotografia, escura e granulada, mesmo que digital, é o que há de mais fiel aos quadrinhos e acho que não chegariam ao mesmo resultado se filmado em locações reais. As cores, as sombras, o tom dark de Miller está estampado em cada frame de 300.

Gerard Butler, que vive o rei Leônidas é um dos únicos atores que exige alguma performance, já que a maioria só está ali para exibir seus corpos musculosos e participar de um diálogo ou outro. Rodrigo Santoro está muito bem no papel de Xerxes, com duas vezes seu tamanho real e uma voz grave editada em estúdio. É o que mais se aproxima do teor homossexual que tanto comentam, já que o diretor Zack Snyder preferiu não mostrar o que os gregos faziam entre uma batalha e outra sexualmente falando. Ao invés, deu ênfase ao amor pelas esposas e filhos que os aguardam em casa.

O filme peca em quebrar várias vezes o ritmo da narrativa com cenas da rainha em Esparta. Mas nada que estrague a diversão. A direção é confiável, apesar de filmar no fundo verde (ou azul), o que muita gente acha preguiça (como já disse umas cinco vezes aí pra cima!), porém Snyder sabe aproveitar de trucagens dos primórdios cinematográficos e trabalha com bastante vigor e espontaneidade. E nem acredito que cheguei até aqui em baixo com esse texto. Era pra ser bem menor, então finalizo por aqui, embora perceba o quanto ainda há para ser dito sobre 300. Um filme muito rico visualmente. Suas imagens realmente impressionam.

por ronald