3 de abril de 2007

Eu sei que queriam mesmo a crítica de 300, mas ainda não vi por motivos técnicos e o Felipe já devia ter colocado semana passada!

Tudo bem, mas só de raiva (brincadeira), hoje vai uma resenha longa, chata de um filme antigo e ninguém vai querer ler. Mas é um filme muito bom, recomendo!

Ronald Perrone - editor chefe




Aguirre – A Cólera dos Deuses



Aguirre, der Zorn Gottes, ALE, 1972. DE Werner Herzog. COM Klaus Kinski, Helena Rojo, Ruy Guerra. 100 min. DRAMA/AVENTURA.

Com o festival Herzog passando no Tele Cine Cult, pude rever essa obra que é uma das mais impactantes e sombrias fantasias do cinema. Conta a história da expedição do conquistador Pizarro, que liderou um grupo de homens pela floresta amazônica do Peru, atraídos pela história da cidade de ouro perdida.

Apesar da direção crua e documental de Werner Herzog, a poesia permeia a cada cena. Já no primeiro plano, onde uma longa linha humana serpenteia um vale enquanto a neblina envolve os picos montanhosos, percebe-se o tom poético e impressionante das imagens criadas pelo diretor que não se preocupa em se prender aos fatos. Não preenche a jornada com episódios e situações. São os sentimentos que interessam, acima de tudo. Os sentimentos do espectador e da tripulação da jangada em expedição e a imensidão do rio à sua frente e da floresta que os envolve, pois as águas subiram e as invadiram.

Sem um roteiro determinado, herzog declarou certa vez que não havia escrito nem os diálogos dez minutos antes de filmar. Todavia o filme não se estrutura em diálogos, mas sim em imagens, em atitudes de personalidades, principalmente de Aguirre, interpretado por Klaus Kinski, com seus grandes olhos azuis opressivos e expressivos, crucial para o efeito hipnótico do filme. Aguirre é um conquistador dos mais obcecados pelo objetivo da expedição.

As filmagens de Aguirre viraram lendas entre os círculos cinematográficos. Conta-se que Herzog apontou uma arma para Kinski para que continuasse trabalhando. Outros problemas eram as freqüentes febres e inanições devido ao inóspito local no meio da selva onde ocorreram as filmagens. Tudo porque Herzog é um dos diretores mais visionários do cinema contemporâneo. Seu cinema acaba refletindo o seu próprio ser. A história de homens perseguidos por uma visão de grandes façanhas e pecam em nome do orgulho. Essa é a história de Aguirre. É o cinema de Herzog.

por ronald