10 de junho de 2007

A Beta deve Morrer

A Besta Deve Morrer



Que la bête meure, França, 1969. DE Claude Chabrol. COM Michel Duchaussoy, Caroline Cellier, Jean Yanne. 110 min. DRAMA.

A grosso modo, A Besta Deve Morrer é um filme que trata do tema vingança. Mas conhecendo seu diretor, sabe-se que algo diferente vem à tona, pois o tema fora desgastado em todas as formas de arte possíveis. A película é tratada de maneira mais sensível, sem apelar, em momento algum, para o melodrama, mesmo com o trágico acontecimento logo no início do filme. Chabrol utiliza o motivo “vingança” para se aprofundar na mente de seu personagem e fazer um bizarro estudo do comportamento humano diante da situação da morte. A morte na família, o planejamento de uma morte, sob diversos pontos de vista. O filme se estrutura em forçar suposições e espectativas na cabeça do espectador. Mas Chabrol consegue sair de todos os clichês possíveis intensificando o suspense ao mesmo tempo em que foge do gênero. A personificação do mal é muito bem criada no personagem de Jean Yanne, o que ajuda ainda mais a aceitar o crime planejado pelo protagonista. A Besta Deve Morrer é de difícil acesso no Brasil. Mas como na era da internet, tudo é possível, ou quase tudo, não há desculpa para não ver a filmografia de alguns diretores. Chabrol é obrigatório.

por ronald
ao som de as above so below, klaxon


Factotum - Sem Destino



Noruega/EUA/Alemanha, 2005. DE Bent Hamer. COM Matt Dillon, Lily Taylor, Marisa Tomei, Grace Stevens. 94 min. Califórnia. DRAMA.

Pra quem conheçe o mundo literário do poeta, contista e novelista Charles Bukowski, se torna complicado a cada frame acreditar em Factotum - Sem destino, do diretor norueguês Bent Hamer, baseado no romance homônimo do escritor e em vários de seus contos. Em minha singela opinião, a dita dificuldade começa com a escolha de Matt Dillon para viver Henry Chinaski - o deprimente alter ego do autor -, um homem que vive de emprego medíocre em emprego medíocre, de bebedeira em bebedeira, de jogos de azar em jogos de azar e de mulher em mulher. Chinaski não tem nada: endereço, laços e sequer renda. Só o desejo de se tornar escritor. É um obcecado sem paixão, derrotista e derrotado. Nada a ver com Dillon e seu visual milimetrica e estudadamente desarrumado. Até a porra dos cenários por onde passa o personagem não combinam com o universo bukowskiano da boca do lixo, dos perdedores, das prostitutas e de uma vida desregrada...! E digo que não se trata da busca de verossimilhança. Mas de uma verdade que emana dos textos e não combina com nada do que emana da tela.

por felipe
ao som de isabel, brakes