18 de setembro de 2011

Waiting for Superman





















Waiting for Superman não é apenas um filme cativante, que envolve o público pela narrativa emocionante e surpreende em seus minutos finais... é, antes de tudo, um soco no estômago da falida estrutura educacional pública americana. Pensando aqui com os meus botões, Davis Guggenheim bem que poderia ter novamente usado o  An Inconvenient Truth para o título desse seu trabalho. Nesses novos 111 minutos, o diretor engrena uma narrativa perfeita e dá nome ao que antes eram só estatísticas: nos apresenta a Antônio, Francisco, Bianca, Daisy, e Emily -- cinco crianças que encontram-se presas ao sistema, numa busca incessante por uma saída. O problema central abordado pelo filme são os professores, com o argumento infalível de que são eles as peças chaves da equação. Se os caras não estão nem aí para a educação da molecada, a presença deles nas salas de aula se resume a preencher carteiras e morrerem de tédio. E essa falta de incentivo gera desinteresse, que consequentemente gera a evasão (o que justifica as escolas públicas americanas serem chamadas no filme de “fábricas de abandono” e “sumidouros acadêmico”). Entre vários motivos apontados, há ainda a temível estabilidade dos professores (o que dá o poder aos caras de fazer o que quiserem sem serem demitidos), e números (sobre a relação evasão escolar x criminalidade; sobre o quanto de dinheiro o governo americano gasta com sistema prisional em detrimento a educação; sobre a gritante diferença entre um bom professor e um professor ruim). Isso sem mencionar as soluções pífias do próprio sistema na tentativa de amenizar o impacto causado por uma educação de má qualidade e profissionais despreparados (a "Dança dos Limões", por exemplo, onde os diretores de escolas do mesmo distrito realizam uma troca de professores ruins, na esperança de que o ruim da escola vizinha seja menos pior do que aquele que acabara de mandar para outra; ou ainda a "Sala da Borracha", onde os professores suspenso por má conduta -- o que inclui de atrasos a abusos físicos e sexual -- lêem, dormem, jogam cartas e... recebem seu salário de forma integral enquanto aguardam os resultados das audiências -- que duram em média 3 anos, e custam aos cofres públicos do estado de Nova York U$ 100 milhões por ano). E fica impossível durante todo o filme não criar comparativos deste modelo americano com o também inibidor sistema educacional brasileiro (ainda que os motivos para as mazelas na educação nacional não sejam exatamente os mesmos do sistema americano). Tudo converge para a máxima que diz “as crianças são o nosso futuro”. Infelizmente não há uma solução automática e milagrosa para resolver o problema. E se essas crianças não estão recebendo a melhor educação possível, estamos todos indo para um buraco sem fim. É aí que entra a esperança da espera -- da espera de educadores fazendo o que supostamente deveriam fazer: ensinar, sem politicagem ou outros interesses.   Geoffrey Canada, CEO e Presidente da Harlem Children's Zone,  foi uma criança apunhalada pela cruel realidade ao descobrir que o Superman não era nada além dos gibis. Ele decidiu arregaçar as mangas para salvar os outros e a si mesmo. E nós, podemos fazer alguma coisa?

Waiting For Superman - Trailer from Ignition on Vimeo.