29 de abril de 2006

O Novo Mundo

O Novo Mundo



The New World, EUA, 2005. DE Terrence Malick. COM Colin Farrell, Q'Orianka Kilcher, Christian Bale, Christopher Plummer. 135 min. New Line. DRAMA.

Oito anos separam Além da Linha Vermelha (1998) de O Novo Mundo, o quarto filme do excêntrico diretor Terrence Malick. Até que não demorou tanto. Digo que não demorou, pois, antes de Além da Linha Vermelha, seu ultimo trabalho foi lançado em 1978 (Cinzas do Paraíso). O fato é que vale a pena esperar. Até agora não houve decepções no cinema autoral de Malick e seu novo filme é de uma beleza estranha. No grosso, o filme trata da mesma história de Pocahontas. Porém, Malick trata do assunto sob um prisma diferente. Por isso soa estranho. É uma historinha bobinha de desenho animado retratando colonizadores ingleses que fazem as suas descobertas e dão de cara com os nativos da terra. Daí brota um romance entre um Capitão Smith (Farrel) e a princesa da tribo local (Q'Orianka Kilcher). Malick transforma tudo isso em obra de arte. Na verdade, a trama é apenas um detalhe a mais. Nem mesmo o próprio diretor se preocupou em dar ao filme uma narrativa que explorasse profundamente os pontos de ocorrência. Os eventos, simplesmente acontecem implicitamente e com sutileza, formam-se os acontecimentos. A preocupação de Malick está nos seus personagens. O que eles pensam, suas duvidas, seus sentimentos. O diretor invade suas mentes e extrai, de forma poética, as mais variadas e obscuras reflexões, utilizando narrações em off, que substituem diálogos e até mesmo, ações. Malick, atualmente, talvez seja o único poeta visual dos diretores americanos. Com um trabalho de fotografia fantástico, O Novo Mundo transmuta cada cena em um verdadeiro quadro artístico. A edição forma uma alegoria de belas imagens desconexas que passam pelos olhos dando uma sensação de percepção. É um filme que triunfa pela beleza visual e sonora, e pela poesia cinematográfica de Malick. Porém, mais importante que isso, O Novo Mundo é um filme que deve ser sentido pelo espectador mais perceptivo.
Por Ronald Perrone