25 de maio de 2006

Retratos de Família e Zona de Risco

Retratos de Família



Junebug, USA, 2005. DE Phil Morrison. COM Embeth Davidtz, Alessandro Nivola, Amy Adams, David Kuhn. 106 min. Bitelli. DRAMA

Um dos filmes mais interessantes dessa nova safra que chegou ao Brasil foi esse Retratos de Família. Interessante pra não dizer algo pior porque o filme não tem assim nada de especial que poderia deixar marcado. Acho que nem entraria numa lista dos melhores do ano (na minha não entra). Mas é um drama familiar muito acima da média produzida por cabeças americanas. O bom roteiro escrito e dirigido com bastante simplicidade pelo americano Phil Morrison, em seu longa de estréia, trata de um tema que parece nunca se cansar dentro do painel cinematográfico, a família. E no caso de Retratos de Família, os problemas familiares são mostrados com bastante frieza e a origem dos problemas nunca é esclarecida. Simplesmente caímos no meio de uma família de estranhos personagens e acompanhamos alguns momentos de suas vidas, e percebemos que não há qualquer esperança de mudança ou perdão.
O filho mais velho, George (Nivola), depois de muitos anos longe de casa, resolve visitar sua família e apresentar sua esposa, Madeleine (Davidtz). Mas o grande prazer de assistir o filme está na personagem de Amy Adams. Enquanto todos possuem suas fortes manias e guardam mágoas do passado, ela é a única pura e dá um show de atuação. Não foi a toa que recebeu uma indicação ao Oscar. Com uma narrativa fora do padrão americano, lenta e sem qualquer atrativo aparente, a força do filme está nos seus personagens e na frieza de seu diretor em não criar soluções e nem mesmo expor completamente os problemas. Como se a vida fosse e será a mesma merda de sempre.
Por Ronald


Zona de Risco

e 1/2

Gongdong Gyeongbi Guyeok J.S.A., Coréia do Sul, 2000. DE Park Chan-Wook. COM Song Kang-ho, Shin Ha-Kyun, Kim Tae-Ho. 107 min. Europa. DRAMA

A força da amizade é o centro do emocionante Zona de Risco, quarto longa do cultuado Park Chan-Wook. É isso mesmo que você leu: o mesmo cara que (posteriormente) realizou uma impactante e brutal trilogia sobre a vingança - cujo capítulo central é o excepcional Oldboy - também sabe manipular com habilidade notável os sentimentos nobres. Não é à toa que virou sensação e habitué em festivais internacionais. Mas infelizmente, nem tudo são flores em Zona de Risco. Pra começar, toda a ação acontece na área militarizada que divide a Coréia do Sul e do Norte. Políticos dos dois lados estão envolvidos em tensas negociações, e o clima na fronteira - pra lá de pesado -, piora quando dois militares são assassinados na parte norte. Um soldado do Sul assume a culpa e assina sem pestanejar sua confissão, afirmando ter sido surpreendido pelos inimigos e levado à força para o outro lado. Porém a coisa não é tão simples assim. Existe uma trama paralela despida de ódio e rivalidade em doses homeopáticas ao expectador - e da qual, aliás, me recuso a falar muito. A narrativa estruturada em idas e vindas no tempo e maneira como se desenrolam as investigações me faz lembrar do absorvente A História de Um Soldado, de Norman Jewison. Mas existe entre os dois uma diferença fundamental: enquanto o drama de Jewison traz à tona racismo e intolerância em vários níveis, o de Cha-Wook esconde uma tocante história de fraternidade e também uma contundente mensagem antibelicista.
Por Felipe