19 de agosto de 2006

Pai e Filho e Conflitos Internos

Pai e Filho



Otets i syn, RUS/ALE/ITA/HOL, 2003. DE Aleksandr Sokurov. COM Andrei Shchetinin, Aleksei Nejmyshev, Aleksandr Razbash. 83 min. DRAMA.

Pai e Filho é um belíssimo filme de 2003 do diretor russo Aleksandr Sokurov, que só agora chega aos cinemas brasileiros. Sem possuir uma narrativa com uma estrutura formal, Sokurov realiza um filme apoiado apenas em situações carregadas de simbolismos e sentimentos na relação de um pai e seu filho. Essa relação, aliás, é o grande alvo de discussão entre os que viram o filme, referindo como homoerotico e incestuoso. De fato, há uma ambigüidade captada pelas câmeras do diretor russo que geram duvidas com as trocas de olhares dos personagens e até o carinho físico entre os dois.

Logo na primeira cena, dois corpos masculinos se abraçam ofegantes e quando a câmera se afasta, percebe-se apenas que o pai está a acalmar seu filho por causa de um pesadelo perturbador. O próprio filme deixa bem claro em seu decorrer que se trata de uma delicada relação e que Sokurov faz questão de filmar de forma poética. Os atores também trabalham muito bem nessa ambigüidade com cada gesto, olhar e situações denotando certa duvida.

Grande parte do filme se passa dentro de um ambiente fechado com uma estética estilizada, escura e embaçada. A fotografia, em geral é um dos pontos altos do filme, principalmente nas cenas silenciosas e contemplativas onde paramos pra refletir sobre o que é o filme exatamente. Pai e Filho trata de que, além da uma relação entre um pai e seu filho? Claro que podemos chegar a uma conclusão mais profunda. Mas precisamos mesmo dessa resposta?

Por Ronald



Conflitos Internos



Mou gaan dou, HONG KONG, 2002. DE Wai Keung Lau e Siu Fai Mak. COM Andy Lau, Tony Leung e Anthony Wong. 101 min. POLICIAL.

Infernal Affairs, título original da película, é o primeiro filme de uma trilogia, que merece atenção especial pelo seu enredo e suas reviavoltas no decorrer da história. Interessante ressaltar que a refilmagem hollywoodiana do filme está nas mãos de ninguém menos que Martin Scorsese, com o nome de The Departed, com algumas pequenas mudanças no enredo como a substituição da Yakuza pela máfia irlandesa, mas são apenas detalhes. Outra coisa que também merece atenção especial é a atuação de Andy Lau, Tony Leung e Anthony Wong, que interpretam os papéis mais importantes da trama. Todos apresentam uma excelente forma ao desempenhar os personagens.

Pois bem. O filme conta a história de dois policiais que depois de formados na academia, tomam rumos diferentes na corporação. Yan, disfarçado se infiltra na tão famosa máfia chinesa, a Tríade, afim de desmascarar o chefão da gangue. Wong se torna um detetive com grandes perspectivas e chances a promoções dentro da polícia. Mas ambos desconhecem sua verdadeira identidade, o que faz a trama ficar interessante e surpreendente com execelentes reviravoltas e cenas dramáticas.

A direção é digna dos melhores suspenses policiais investigativos no cinema atual. Não esperem cenas de ação, pois é o que quase não tem no filme, o que não o deixa menos interessante, pelo contrário, isso dá tempo para que a história de desenvolva sem interrupções desnecessárias, para cenas de tiroteios. Excelente pedida, e vale conferir antes que saia a versão de Martin Scorsese.

Por Monsenhor