8 de janeiro de 2007

Veludo Azul

Veludo Azul (1986), de David Lynch

Veludo Azul é uma extraordinária jornada à mente insana do diretor David Lynch, onde todos os fatos vão do surreal ao bizarro, da lucidez à loucura, da inocência à perversão, do amor à luxúria, e muitos outros elementos contraditórios acumulados em imagens perturbadoras. Depois da desastrosa experiência em Duna (84), Lynch volta ao seu próprio terreno seguindo a história de Jeffrey Beaumont, que retorna à sua pacata cidade natal onde seu pai se encontra hospitalizado. Mas se defronta com o lado negro da cidade ao achar uma orelha humana jogada em um campo. A orelha passa a ser sua entrada para uma temporada no inferno, com direito a um incrível movimento de câmera que se adentra no órgão decepado. A filha do delegado, uma cantora de bar (que canta a música Blue Velvet, do título original, interpretada por Isabela Rossellini), um gangster perverso (vivido por um Dennis Hopper inspiradíssimo) e um considerável número de personagens bizarros entra na vida de Beaumont, que se vê envolvido num perigoso mistério, enquanto a atmosfera surreal de suspense é criada por uma fotografia dark oitentista carregada de néons e uma trilha sonora que lembra clássicos americanos. A direção de Lynch é um deleite, um belíssimo exercício de linguagem cinematográfica repleta de elementos dos filmes Noir’s. E com essa direção, recebeu uma indicação ao Oscar. Veludo Azul é uma pequena amostra da bizarrice psicológica que Lynch desenvolveria em filmes como A Estrada Perdida (97) e Cidade dos Sonhos (01), seu melhor trabalho segundo a minha opinião, mesmo que não tenha o mesmo glamour de Veludo Azul, que já se tornou um clássico do cinema contemporâneo.

Por Ronald