25 de julho de 2007

Transformers

Transformers



USA, 2007. DE Michael Bay. COM Shia LaBeouf, Megan Fox, Jon Voight, John Turturro. 144 min. DreamWorks. AÇÃO.

É incrível como todas as características dos filmes do diretor Michael Bay – reprovadas em sua filmografia inteira – funcionam perfeitamente em Transformers que é disparado seu melhor trabalho. O filme é uma adaptação do famoso desenho que assistíamos na Xuxa quando criança na década de 80. Bons tempos... Enfim.

Transformers inicia sua saga no antigo planeta de Cybertrons onde numa verdadeira luta de classes, os Autobots, que eram robôs operários, se rebelam contra os Deceptions, robôs militares que utilizavam da força bruta para dominá-los. Depois da destruição total do planeta, a única alternativa dos sobreviventes é encontrar o cubo cósmico radioativo – capaz de transformar qualquer objeto eletrônico em organismo cibernético armado até os dentes – que vaga pelo universo e acaba caindo aqui na terra onde um quebra pau de proporções homéricas acontece entre os robôs malvados (que querem o cubo para criar um novo planeta e assim, destruir a raça humana) e mocinhos (que buscam o cubo para destruí-lo e salvar a raça humana).

O visual é o da melhor qualidade possível de acordo com o nível tecnológico de efeitos especiais que existe hoje em dia. Cada robô é muito bem detalhado e suas transformações são de encher os olhos. Realmente as cenas de ação e o belíssimo trabalho de efeitos visuais conseguem tampar alguns buracos e pontas deixadas pelo roteiro. Não é que não percebamos essas falhas, o negócio é que não importa a não ser a diversão que as cenas proporcionam. Se eu vou ao cinema ver um filme de robôs gigantes fazendo rinha de cachorro em plena cidade grande, destruindo prédios, veículos e seres humanos, eu quero mais é me divertir e o roteiro que se foda. Aliás, o roteiro pode não ser perfeito, mas possuis situações e diálogos memoráveis, como na cena que os robôs procuram se esconder “discretamente” no jardim de Sam (LaBeouf) e os pais dele tentam tirar alguma confissão dos assuntos de puberdade enquanto a gatíssima Mikaela está escondida dentro do quarto. A cena é hilária e remete até mesmo Woody Allen.

LaBeouf é um ator muito competente e prova tudo isso que andam comentando. Além de talentoso, tem carisma e sabe utilizar isso muito bem. É o único ator da produção que mostra um realismo ao contracenar com os monstruosos robôs feitos em CGC. John Turturro também está bem, mas exagera nos excessos. John Voight parece uma múmia e o resto do elenco interpreta como peças de um xadrez, todos previsíveis em papéis cheios de clichês. Já Megan Fox é um caso a parte. Não é grande coisa como atriz. Mas e daí? É linda e suas expressões faciais fazem parecer que está com tesão o tempo todo e é suficiente pra funcionar.

O que funciona também, como eu disse no início do texto, é a direção de Bay com suas seqüências em um rápido ritmo de edição e a câmera frenética balançando sem parar nas cenas de ação, dando a impressão de que estamos lá presenciando aqueles robôs de 15 metros de altura dizendo “Vou te Matar Optmus Prime”. Coisa de louco! Bay sabe trabalhar muito bem com efeitos especiais e dessa vez não desperdiça seu talento em filmes horrorosos como Armaggedon e Pearl Harbor. Sempre buscando novos ângulos, enquadramentos originais e a utilização de câmera lenta como efeito artesanal, fazem de algumas sequências um prazer vizual e um ar nostalgico. Algumas obsessões do diretor estão lá, como a vontade de explodir meio mundo e a fixação por aparatos militares e soldados desfilando em seus uniformes e carregando armamentos pesados, e os helicópteros, ah! ele adora helicópteros. Deve ter um monte em casa e com o dinheiro deste filme vai comprar mais uns dez. Mas toda essa mela cueca é muito enxuta e não atrasa a narrativa, pelo contrário, a duração exata para cada história paralela foi muito bem administrada.

Senti-me como uma criança outra vez dentro do cinema. Só conseguia esse efeito assistindo produções da época, como Indiana Jones, mas nunca com um filme novo, e nesse ponto Transformers surpreende. Além disso, possui todos os elementos para agradar o público mais jovem que não tem nem noção de quem eram os personagens. O fato da violência não ser explicita e de não haver muito sangue torna-o ainda mais acessível. Minha sugestão é que o Michael Bay deixe de lado o Bruckheimer e continue essa parceria com o Spielberg, que produziu este aqui (o toque Spielberguiano está em vários momentos) e o resultado foi dos melhores possíveis. Ou alguém esperava mais?

por ronald,
ao som de Plans, bloc party