13 de setembro de 2007

O grande Chefe

O Grande Chefe (Direktøren for det hele), de Lars Von Trier



Depois de dividir a crítica com Manderlay, Lars Von Trier decidiu que era hora de dar um tempo na trilogia da América. Taxado como picareta para alguns e gênio para outros (Eu me incluo nesta), o diretor resolveu fazer algo mais simples. Sua própria voz em off inicia uma narração em seu novo filme O Grande Chefe, dizendo que se trata de uma comédia que não traz qualquer reflexão e pretenção, a não ser de divertir o publico, que é o objetivo puro da comédia no seu âmago. Com um baixo orçamento, o diretor utiliza apenas atores desconhecidos do grande grande publico. Mas os cinéfilos vão se lembrar do protagonista, Jens Albinus, de outro filme do Lars, Os Idiotas, contribuição de Lars para o movimento Dogma 95. Ele vive um ator contratado por uma empresa para se passar pelo dono da companhia. O verdadeiro presidente, na verdade, tem o interesse de usá-lo para fechar um grande negócio com um executivo irlandes. Os problemas se iniciam quando o ator começa a se relacionar com os funcionários criando várias situações das mais diversas. Claro que não sairia nada da mente de Lars que não houvesse pretensão. Um olhar reflexivo aponta várias críticas ao sistema organizacional hierárquico e trabalhista. A direção é fora dos padrões do diretor. Dessa vez a câmera fica estática, apesar dos enquadramentos sempre inusitados revelarem uma preocupação estética diferenciada. A edição, entrecortada e fragmentada permanece a mesma de seus outros filmes, e funciona aqui também. O Grande Chefe teve uma modesta divulgação e depois de um longo período chegou ao Brasil. O filme foi lançado no festival de Copenhage e Lars resoveu assistir escondido no meio do publico, só para ver a reação. Coisas de gênio.

por ronald