12 de março de 2008

O Escafandro e a Borboleta (2007), de Julian Schnabel

Hitchcock limitava detalhes de direção pelo simples prazer de experimentar o novo. Foi assim com Festim Diabólico tentando realizar um filme num único plano seqüência (o que de fato não ocorre, mas não deixa de ser genial). Em O Escafandro e a Borboleta, o diretor Julian Schnabel optou em narrar a história de um personagem limitado por natureza. Jean-Dominique Bauby, vivido por Mathieu Amalric, sofre uma rara doença conhecida como Síndrome do Encarceramento, do qual o indivíduo fica completamente paralisado, mas consciente de tudo ao seu redor. Mexendo apenas seu olho esquerdo, Dominique consegue se comunicar e escrever o livro que deu origem ao filme.

É também por esse mesmo olho que Schnabel impõe seus limites na direção ao tentar desenvolver a narrativa através do ponto de vista do personagem, ou seja, o publico assiste o que Dominique vê (o que de fato também não ocorre em 100% da projeção, mas não deixa de ser genial). É um material difícil de se imaginar visualmente. Poderia facilmente ser uma fonte de sentimentalismo banal. Mas ganha um tratamento oposto. O roteiro possui humor e trabalha com os clichês de forma inteligente. As temáticas previsíveis (desejo da morte, sofrimento, etc...) ganham um equilíbrio perfeito pelas escolhas que o diretor define para mostrar as situações. O resultado não deixa de emocionar, mas o trabalho de direção e a concepção estética também são de encher os olhos.