Cinzas que Queimam (1955), de Nicholas Ray
Ray faz dois filmes dentro de um em Cinzas que Queimam. Logo no início, somos apresentados ao protagonista, o único de três policiais que se arruma para mais uma jornada de trabalho sem ajuda de uma esposa. Ele se arruma sozinho, não tem mulher nem filhos, é o policial solitário e amargurado pelo passado, típico herói do noir. A primeira metade de projeção, onde o tal policial, vivido por Robert Ryan, investiga um crime, o diretor constrói às bases do noir, com direito a todos os elementos caracteristicos, muitas ruas escuras, sombras estilizadas e uma direção primorosa que chega a utilizar de forma inusitada a câmera na mão em algumas seqüências. Até aqui já teríamos material suficiente para um ótimo filme.
Mas a instabilidade emocional do próprio personagem faz com que a narrativa tome outra direção e vá parar num cenário campestre, uma paisagem coberta de neve onde o policial é enviado e inicia ali um novo caso, uma outra investigação e um outro filme. Gradativamente, o noir já estabelecido cede lugar para um romântico melodrama policial com a entrada em cena de Ida Lupino, uma cega cujo irmão é procurado por um crime e por quem o policial se apaixona (pela mulher, não o irmão) e acaba revendo seus conceitos éticos na maneira de agir.
Essa catarse faz muito bem ao filme, que foge às regras do noir tradicional e torna-o belo. Ray possui domínio tanto nos ambientes urbanos sufocantes, quanto nas paisagens campestres a céu aberto. A direção de atores é ótima, eles próprios estão muito bem, principalmente Ida Lupino. Aliás, ela chegou a dirigir algumas cenas enquanto o diretor esteve doente, algo que não faz muita diferença no resultado, já que tudo funciona perfeitamente, até mesmo o final otimista imposto pelo estúdio.
Ray faz dois filmes dentro de um em Cinzas que Queimam. Logo no início, somos apresentados ao protagonista, o único de três policiais que se arruma para mais uma jornada de trabalho sem ajuda de uma esposa. Ele se arruma sozinho, não tem mulher nem filhos, é o policial solitário e amargurado pelo passado, típico herói do noir. A primeira metade de projeção, onde o tal policial, vivido por Robert Ryan, investiga um crime, o diretor constrói às bases do noir, com direito a todos os elementos caracteristicos, muitas ruas escuras, sombras estilizadas e uma direção primorosa que chega a utilizar de forma inusitada a câmera na mão em algumas seqüências. Até aqui já teríamos material suficiente para um ótimo filme.
Mas a instabilidade emocional do próprio personagem faz com que a narrativa tome outra direção e vá parar num cenário campestre, uma paisagem coberta de neve onde o policial é enviado e inicia ali um novo caso, uma outra investigação e um outro filme. Gradativamente, o noir já estabelecido cede lugar para um romântico melodrama policial com a entrada em cena de Ida Lupino, uma cega cujo irmão é procurado por um crime e por quem o policial se apaixona (pela mulher, não o irmão) e acaba revendo seus conceitos éticos na maneira de agir.
Essa catarse faz muito bem ao filme, que foge às regras do noir tradicional e torna-o belo. Ray possui domínio tanto nos ambientes urbanos sufocantes, quanto nas paisagens campestres a céu aberto. A direção de atores é ótima, eles próprios estão muito bem, principalmente Ida Lupino. Aliás, ela chegou a dirigir algumas cenas enquanto o diretor esteve doente, algo que não faz muita diferença no resultado, já que tudo funciona perfeitamente, até mesmo o final otimista imposto pelo estúdio.