15 de julho de 2006

Profissão: Reporter e Adele H

Pois bem, o Editor Felipe Mappa mandou dizer (por e-mail) que foi ali e já volta. As más línguas dizem que ele se sente entibiado pelo meu poderio redatorial. Há ainda quem diga que ele se encantou por uma corista francesa e circula pelas Champs-Elysées todas as tarde, de mãos dadas com a dita cuja, não se esquecendo da parada obrigatória no Cafe Fouquet's. Enfim, isso não é importante. O importante mesmo é que a redação do cine art está agora nas minhas mãos! (risada maquiavélica seguida de uma pequena pausa.) Chega. O show acabou. Vamos, parem de me olhar com essas caras! Vão e leiam os textos abaibxo. Eu os escrevi com tanto carinho...

ronald, editor-chefe cine art


Profissão: Repórter



Professione: reporter, FRA/ITA/EUA/ESP, 1975. DE Michelangelo Antonioni. COM Jack Nicholson, Maria Schneider, Jenny Runacre. 126 min. Alpha. DRAMA.

Há uma característica peculiar nos personagens dos filmes de Antonioni que se repetem constantemente a cada filme. Não importa onde ou com quem, o personagem central aparece sempre vagueando em busca de algo. Parecem não querer encontrar, mas permanecer nessa busca constante do “nada”. É o que acontece com o jornalista David Locke (Nicholson) quando tem a oportunidade de deixar para trás a vida desgastante e se tornar outra pessoa trocando de identidade com um falecido que mal conhecia. Essa nova vida o leva para intrigantes situações que colocam David em paises diferentes, sempre buscando algo que o espectador aguarda como uma provável solução, ou até mesmo uma trama clara, sendo que Profissão: Repórter somente especula as situações de ação, de mistério, suspense, sem se adentrar em qualquer delas. Jack Nicholson estava no auge e faz um papel diferente daqueles que apresentava em filmes como Um Estanho no Ninho ou Chinatown. Seu David Locke é melancólico ao extremo e faz de tudo para ser alguém que não é, e pior, não consegue. Fica preso a ele mesmo, apesar de carregar o nome de outra pessoa.

Visualmente, Profissão: Repórter é um dos mais belos da carreira de Antonioni. A fotografia de Luciano Tovoli é impecável e a direção de Antonioni é brilhante. O plano-seqüência do desfecho é de uma poesia que poucos diretores conseguem atingir. Lançado recentemente em DVD no Brasil, Profissão: Repórter é um filme deve se deixar levar mais pelas emoções do que as preocupações em compreender os motivos dos personagens.

Por Ronald



A História de Adele H



L'Histoire d'Adèle H, FRA, 1975. DE François Truffaut. COM Isabelle Adjani, Bruce Robinson, Sylvia Marriott. 96 min. Les Films du Carrosse. DRAMA.

Um dos últimos do Truffaut que eu vi foi A História de Adele H, onde a filha do famoso escritor francês, Victor Hugo, é o destaque do roteiro que transcorre na época em que a moça fugiu da Europa para a América em busca de seu amor. Truffaut, um apaixonado pelo cinema, filma a trajetória de Adele (Adjani) de maneira simples e segura, usando um dos seus temas preferidos: a desilusão amorosa, incomunicabilidade desse sentimento tão estranho e ao mesmo tempo tão maravilhoso. A narrativa encaixou-se perfeitamente com as situações e ambientes melancólicos que a personagem se coloca. Isso mesmo, ela se coloca em situações que poderiam ser evitadas e que foram motivos da sua entrada pela porta da loucura. O maior valor da obra, entretanto, se dá graças ao trabalho de Isabelle Adjani que, ainda muito nova, demonstrou um incrível talento precoce na arte de interpretar. Com certeza, A História de Adele H é um filme mais delicado e menor da filmografia de Truffaut, mas obrigatório pra qualquer cinéfilo que aprecie o trabalho do diretor francês.

Por Ronald