10 de agosto de 2006

Glória Feita de Sangue

½

Paths of Glory, EUA, 1957. DE Stanley Kubrick. COM Kirk Douglas, Ralph Meeker, Adolphe Menjou. 87 min. Cinemagia. GUERRA.

Glória Feita de Sangue, de 1957, é uma realização perfeita e definitiva. Foi a revelação de que o talento de Stanley Kubrick estava amadurecido, colocando-o entre os melhores cineastas americanos daquela época como Nicholas Ray, Samuel Fuller, John Huston, Elia Kazan, Robert Aldrich, Billy Wilder e Alfred Hitchcock (esses dois últimos, apesar de não seram americanos, faziam filmes em Hollywood a muitos anos). Kubrick já havia apresentado, um ano antes, dois filmes, A Morte Passou Por Perto e o Grande Golpe, e já serviam para encará-lo como uma esperança mais sólida entre os diretores daquela nova geração de diretores de Hollywood.

Com isso, Glória Feita de Sangue foi aguardado com muita ansiedade. Foi produzido por James B. Harris, que havia colaborado com Kubrick nos seus filmes anteriores, além disso, o ator Kirk Douglas contribuiu financeiramente para levar o romance de Humprey Cobb às telas e interpretou o papel do protagonista. Mas a esperança de um filme antológico foi mesmo pelo fato de que Stanley Kubrick estava à frente da produção. E tudo o que se esperava de uma obra prima foi ultrapassado pelo elevado grau de maturidade que Kubrick se encontrava.

O diretor já possuía seus métodos e recursos de formulação da linguagem cinematográfica e com isso fez um filme totalmente seu sem influências, sem experimentalismo, seco, preciso e mesmo assim autêntico no processo formal de um cinema puro.

O roteiro nos propicia duas cenas de combates construídas de modo magnífico. O resto da narrativa demonstra os bastidores da guerra (no caso, a primeira guerra); retrata a vida nas trincheiras; salões de estratégia; soldados aguardando ordens; por detrás de tiros que trovejam e dos corpos que se amontoam temos o lúdico jogo das manobras, o militarismo exacerbado e as vidas humanas submetidas à troca de influência ou a política de vaidades.

É um filme corajoso para sua época. Seu esquema de fabulação é muito realista e no nosso alcance, pois não possui ambientes imaginários ou longínquos tempos faraônicos e babilônicos. A ousadia de Kubrick foi grande, pois a amplitude temática ficou circunscrita a um caráter episódico e não faz com que o filme pare no meio do caminho, ou se renda a clichês, Kubrick faz questão de nos levar até as ultimas conseqüências.

Visualmente o filme se reveste de um engenhoso equilíbrio artesanal. Uma das mais maravilhosas maneiras de visualizar os aspectos da guerra, com imagens que atingem qualidades fantásticas.

A produção, de alguma forma, ofendeu governos de vários paises e por isso foi vetada sua transmissão em alguns países. Mas teve seu lugar garantido entre os filmes mais representativos do cinema em sua época e se tratando de cinema, permanece atual até nos dias de hoje.

Por Ronald