30 de janeiro de 2007

Apocalypto

Apocalypto



EUA, 2006. De Mel Gibson. Com Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Jonathan Brewer. 139 min, AVENTURA.

Apocalypto é a depuração máxima de um estilo, uma fórmula, utilizada por Mel Gibson para filmar sempre apostando em situações de proporções épicas e violência gráfica extrema. Isso vem desde Coração Valente, passando por A Paixão de Cristo (não assisti O Homem sem Face, seu primeiro trabalho como diretor). Se no primeiro ele peca ao forçar um sentimentalismo barato nos discursos e transforma William Wallace num personagem alencariano, no segundo expõe uma violência gratuita sem o menor sentido. Em Apocalypto, Gibson introduz esses elementos em menor escala. Há o sentimentalismo forçado, mas é aceitável e a violência, justificável.

Posicionado no período da civilização Maia, Apocalypto não se prende a fatos históricos dentro de seu contexto narrativo. É uma aventura onde um personagem chamado Pata de Jaguar tenta salvar sua família enquanto é perseguido por nativos de outra tribo. Mas Mel Gibson é um diretor dedicado e muito competente em certos aspectos técnicos e por isso faz de tudo pra criar laços entre o espectador e o tema temporal escolhido. Além da impecável recriação de época pela direção de arte (as cenas na cidade maia são riquíssimas e detalhadas), o ex-Mad Max fez questão de colocar seus protagonistas a falar em Yucatec, uma língua Maia contemporânea. Não é um filme de muitos diálogos, seus atores abusam de expressões faciais que o diretor enfatiza muito bem, mas a preocupação maior está na ação, e nesse ponto Gibson demonstra muita agilidade com a câmera e tecnicamente, Apocalypto se firma com perfeição. A fotografia vegetal é belíssima, os figurinos, as maquiagens são dignas de elogios, enfim.

Se com técnica, Mel Gibson segura com mãos firmes, em essência seu filme não passa nada de original, são as mesmas mensagens Hollywoodianas de sempre, o que cria um contraste muito grande de imagens explicitamente violentas com mensagenzinhas de amor à família a qualquer custo, por exemplo. Uma cena no meio do filme envolvendo uma criança com peste e previsões do futuro é totalmente desnecessária e descartável. E a violência? isso Gibson gosta. Gosta mais que lasanha de queijo. E não nos poupa em momento algum. Faz questão de mostrar sangue espirrando pras quatro bandas, membros despedaçados e até um puma (acho que era) desfigurando um cidadão. Mas dessa vez, sem o sensacionalismo de A Paixão de Cristo, mas pelo prazer de poder fazer, já que pode, faz, isso é cinema.

Por Ronald