9 de fevereiro de 2007

Mais Estranho Que A Ficção

O retorno sempre soa como a primeira vez. Na verdade é. A primeira vez de mais uma etapa, creio. Mantive distância deste espaço meio à contra-gosto. Agora que voltei, espero novamente arraigar. Se depender da minha empolgação... (;

felipe, editor especial cine art.
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Mais Estranho Que a Ficção



Stranger Than Fiction, EUA, 2006. DE Marc Foster. COM Will Ferrell, Maggie Gyllenhaal, Emma Thompson, Dustin Hoffman. 113 min. Columbia. COMÉDIA.

"Esta é a história de um homem chamado Harold Crick e seu relógio de pulso." E assim se inicia a narração de Mais Estranho Que a Ficção, a nova fita de Marc Forster, sem dar a maior chance a você, mas sem te enganar com pistas falsas.

Crick (Ferrell), é fiscal do imposto de renda; tem uma vida certinha e parece ser um personagem em busca de sua autora. Não como os protagonistas da peça de Luigi Pirandello, Seis Personagens em Busca de um Autor, que estão mesmo à procura de alguém que termine o drama do qual fazem parte. Logo de cara, ele não tem idéia de que o seu romance está sendo escrito. Ele só descobre quando percebe que uma voz passa a narrar os acontecimentos ao seu redor. A primeira reação (plausível, devo acrescentar) é a de se consultar com uma terapeuta, e depois, por indicação dela, se consultar com um... professor de letras (Hoffman).

Ao mesmo tempo, Crick apaixona-se por uma contribuinte que tem sua vida investigada por sonegação. Moderna, sagaz, e defensora do politicamente incorreto (e da desobediência civil), Ana Pascal (Gyllenhaal) faz o oposto de Crick - careta, tapado e previsível - que a investiga. Esse affair acaba transformando a vida dele, preenchendo-a com algo mais do que a rotina costumaz.

Em uma narrativa paralela, a escritora Kay Eiffel (Thompson) sofre dos famosos bloqueios criativos e não consegue terminar a história de Crick. O fato que mata os heróis de suas histórias no final torna tudo mais emocionante. O que Foster discute, a partir do ótimo roteiro de Zach Helm, é a arte aplicada à vida, enfatizando principalmente que uma obra-prima, por maior que seja, não vale uma existência. Alguém prova o contrário?

por felipe