13 de junho de 2008

Capacete de Aço (1951), de Samuel Fuller

Sob o comando de outro diretor, daria pra fazer de Capacete de Aço uma enxurrada de sentimentalismo que encheria os olhos do público e engrandeceria os soldados americanos em plena Guerra da Coréia. Ao invés de todo esse clichê, Sam Fuller entregou um melancólico e seco estudo de caráter humano onde o cenário da guerra é apenas um motivo para que as personagens sejam cuidadosamente apresentadas, exploradas e desenvolvidas ao máximo para extrair toda tridimensionalidade concreta diante da tela. Na verdade, nem existe aqui uma história definida com início, meio e fim, mas sim uma jornada que leva a um templo budista onde se passa quase toda projeção, um lugar que transcende o ambiente de guerra e dá um tom onírico que transforma o filme num exercício visual de sonho.

Mas o melhor, provavelmente, é a maneira como Fuller constrói o relacionamento do sargento (Gene Evans) com o garotinho coreano, mantendo a distancia correta sem nunca degringolar para o sentimentalismo barato ao mesmo tempo em que possui força suficiente para segurar a emoção até do espectador mais insensível.