26 de junho de 2008

Muito trabalho, projetos pessoais e da faculdade têm me tomado muito tempo, inclusive pra cuidar da criança aqui. A delonga foi por causa disso e peço desculpas por ficar mais de uma semana sem atualizar. Mas até que consigo ver um filme ou outro nos fins de semana, como essa belezura aí em baixo:

Cockfighter (1974), de Monte Hellman: Não chega ao nível de Two-Lane Blacktop, mas é tão bom quanto, e ainda prova que Monte Hellman teve crucial importância para o cinema independente americano nos anos 60 e 70. Cockfighter é uma obra subversiva que parte do conceito do homem em crise tentando superar seus limites trazendo um excelente Warren Oates encarnando um treinador de galos de briga.

As cenas dos galos se enfrentando violentamente em contraste com a frieza dos treinadores são impressionantes e causam um choque visual repugnante, embora reze a lenda (segundo o nosso amigo Leandro Caraça) de que Hellman se recusou a filmar as cenas dos galos brigando e o produtor Roger Corman chamou o diretor Lewis Teague pra fazer o trabalho sujo.

Mas o melhor de Cockfighter é a presença de Oates como protagonista. Sua personagem faz voto de silêncio depois de ouvir que fala e bebe demais e durante quase toda a projeção carrega o filme com expressão corporal e muita presença, agindo sempre em silêncio para atingir seus objetivos da mesma forma que seus galos de briga. Oates foi um dos atores mais virtuosos que já entrou na frente de uma câmera, sem sombra de dúvida (e é uma pena ser tão esquecido pela nova safra de cinéfilos).