23 de fevereiro de 2006

Crime Delicado e Masters Of Horror

Crime Delicado



Brasil, 2005. DE Beto Brant. COM Marco Ricca, Lílian Taublib, Felipe Ehrenberg, Maria Manoella. 87 min. Downtown. DRAMA.

Quarto longa de Brant, Crime Delicado é um projeto conjunto do diretor e do protagonista da fita, Marco Ricca. Desta vez, Brant não seduz o espectador com uma trama ágil e policialesca, entregando, em vez disso, uma obra com ritmo mais lento, que pede para ser assistida ao invés de se impor como uma crônica pitoresca da violência na linha dos anteriores (e excelentes) Os Matadores, Ação Entre Amigos e O Invasor. Na trama, um crítico teatral culto e bem articulado (Ricca, mostrando por que é um dos melhores atores de sua geração), mas emocionalmente obtuso, se envolve com uma jovem que, ironicamente, não se enquadra em seus obsessivos parâmetros de estética e perfeição. É o início de um pesadelo moral, culminado em uma acusação de estupro e na lenta degradação psíquica do personagem.

Tem textura de “filme de arte”, mas carrega uma mensagem suficientemente forte para estimular o debate e desnudar preconceitos arraigados que habitam o inconsciente de todos nós.
Por Felipe Mappa

Masters of Horror

Episódio 1 – Incident on and of a Mountain Road



Com aproximadamente 60 min de duração para o desenvolvimento de uma trama, alguns episódios começam com tensão a toda velocidade e com objetividade. Incident on and of a Mountain Road, dirigido por Don Coscarelli, é assim. E é justamente esse o motivo que decepciona. A história é muito boa, mas a narrativa em flashbacks ao invés de criar expectativas para o final, deixou a história com um tom meloso quebrando o ritmo de tensão que deveria ter no fim do episódio intercalando imagens de tranqüilidade que deveriam ser do começo.

Episódio 2 – Dream’s in the Witch House



Não tem aquelas velhas histórias de bruxa e casas assombradas que já não nos assustam mais? Então, o segundo episódio da série Masters of Horror dá uma renovada no assunto e até consegue dar bons sustos, envolvendo uma bruxa e um rato com cabeça humana. É difícil dissertar sobre a história sem estragar as surpresas, mas o que dá pra ressaltar é que conta com um estudante que aluga um quarto numa mansão misteriosa onde quase todos os habitantes possuem aspectos e maneiras bizarras e acaba se envolvendo em uma misteriosa trama. O diretor desta vez é Stuart Gordon, que faz uma mistura interessante com o horror puro e sanguinário com um incrível suspense psicológico.

Episódio 3 – Dance of the Dead

1/2

Até onde eu conheço, o ultimo trabalho legal de Tobe Hooper foi o clássico do terror, O Massacre da Serra Elétrica. Mas em Dance of the Dead, Hooper demonstra uma segurança naquilo que faz e consegue criar uma atmosfera interessante para narrar o seu episódio. Num futuro apocalíptico, uma jovem ingênua conhece um rapaz “barra pesada” criando uma estranha relação entre os dois. O filme conta com a presença sempre competente de Robert 'Freddy Kruger' Englung. A edição é bacana e possui umas imagens distorcidas que às vezes dão uma sensação de desconforto. É um episódio fraco para a série, não chega a ser empolgante e tem seus momentos falhos e desnecessários, mas não chega a decepcionar.

Episódio 4 – Jennifer

1/2

Este é o episódio do consagrado diretor italiano Dario Argento, um nome de peso entre os mestres do horror mundial. Isso prova que estamos bem servidos da série Masters of Horror. Jennifer é uma moça muito boazinha. É educada e um pouco tímida. Talvez seja por isso que o policial Frank quis adotá-la após salvar sua vida. Mesmo depois de ver o rosto deformado de Jennifer, Frank fica obcecado por ela (já que, beleza não é tudo). Porém, tudo começa piorar quando Frank descobre os hábitos alimentares da moça. Gatos e criancinhas não são pratos que Frank estava acostumado a digerir. Dario Argento dirige como um mestre seus atores e arranca de Steven Weber (Frank) uma atuação excelente. Ao final uma situação de hipérbole de violência e morte em um dos mais intrigantes episódios da série.
Por Ronald Perrone