28 de fevereiro de 2006

Era Uma Vez no Oeste

Era uma vez no oeste



C'era una volta il West, ITA/USA, 1968. DE Sérgio Leone. COM Cláudia Cardinale, Henry Fonda, Charles Bronson, Jason Robards. 165 min. Paramount. WESTERN.

Após a bem sucedida Trilogia dos Dólares, Sérgio Leone deu início à Trilogia da América com o filme Era Uma Vez no Oeste. Apesar de não ter dado a bilheteria esperada pelo filme na época, trata-se de um dos melhores Westerns de todos os tempos. O antológico início do filme e os créditos, já valem à pena. Leone nos faz esperar um longo período por um trem juntamente com três personagens, num silencio quase total, não fosse o som ambiente. Leone filma com um perfeccionismo absurdo cada detalhe, como uma gota que cai num chapéu ou a uma mosca que pousa numa boca. Leone prepara o espectador para começar a ópera. Uma ópera da morte.

Apresentando quatro personagens centrais, Leone os cria como se fossem seus próprios filhos e constrói em cima dos mesmos, o argumento preciso para o filme. Harmônica, interpretado por Charles Bronson, é um cabra que está à procura de Frank e faz de tudo pra encontrá-lo. Peter Fonda vive o tal Frank, um dos vilões mais maquiavélicos dos filmes de Bang Bang. Jason Robards é Cheyene, o líder uma gangue procurada pela policia. E Jill McBain, interpretada pela bela Claudia Cardinale.

Charles Bronson com sua face sem expressão até que consegue realizar uma boa atuação. Principalmente porque o personagem exige um rosto mais caricato, já que Bronson aparece tocando uma gaita em quase todos os momentos. Robards e Cardinale são atores excelentes e não decepcionam. Agora, Henry Fonda, tenho até medo. Fonda faz um dos seus melhores papeis de toda sua longa carreira. Ninguém esperava que o bom moço de Hollywood aparecesse matando sem piedade, inclusive, crianças.

A trilha sonora de Ennio Morricone é visionária em Era uma Vez no Oeste e para cada personagem foi criado um tema diferente de acordo com as características de cada um. Sergio Leone já havia amadurecido até o limite em termos de direção com Três Homens em Conflito (66) e aqui ele experimenta evoluir sem nunca sair de seu próprio estilo de conduzir Westerns. O resultado é fantástico. Leone abusa de closes, enquadramentos e movimentos de câmeras que nos colocam dentro da ação como na cena do vagão de trem. O duelo final foi filmado com uma sensibilidade incrível. Enfim, Era uma Vez no Oeste, é um filme mais sério e brutal e não tão caricatural como em Tês Homens em Conflito. Porém, todos os elementos chamados “Leonianos” do Western Spaghetti podem ser conferidos nesta obra prima do cinema.
Por Ronald Perrone