6 de março de 2006

Crash

E o Oscar vai para...

Crash – No Limite



Crash, USA, 2004. DE Paul Haggis. COM Karina Arroyave, Dato Bakhtadze, Sandra Bullock, Don Cheadle, Matt Dillon, Brendan Fraser, Terrence Howard, Ryan Phillippe. 113 min. Bull's Eye Entertainment. DRAMA.

Eu particularmente fiquei surpreso com a vitória de Crash, o filme do estreante diretor Paul Haggis, porém, já conhecido por ter escrito o roteiro de Menina de Ouro de Clint Eastwood, batendo na cara o favoritismo de O Segredo de Brokeback Mountain (que era o meu favorito), do diretor Ang Lee, que levou o prêmio de melhor diretor no Oscar 2006.

Em Crash – No Limite, o foco principal é o racismo. Não um determinado tipo de racismo, mas um racismo generalizado entre todas as raças e etnias. O roteiro, também escrito por Heggis, utiliza-se de uma estrutura não muito original, que é a utilização de vários personagens em situações diferentes ou não, e que acabam se entrelaçando nestas situações. Teve seu ápice na década de 90 com filmes como Short Cuts de Robert Altman e o seu melhor representante até hoje, Magnólia, de Paul Thomas Anderson. Em contrapartida, filmes que possuem essa estrutura narrativa podem ser criativos de acordo com a imaginação do roteirista mesmo que seja uma estrutura batida, como é o caso de Crash. O diretor consegue criar situações interessantes e ambienta-las em atmosferas realistas dando o clímax necessário para que os acontecimentos funcionem. Haggis tem ainda a sua disposição um ótimo elenco contando com Don Cheadle, Matt Dillon, Sandra Bullock, Brendan Fraser e muitos outros.

Entretanto, como a maioria dos filmes americanos, gera em determinados momentos de Crash um sentimentalismo forçado com a utilização de trilhas sonoras melancólicas forçando o espectador a cair em lágrimas, coisas de Hollywood. Porém, esse problema não tira o brilho do filme e aos poucos notamos o surgimento de novos diretores que deixam de lado estes artifícios Hollywoodianos; Graças ao belíssimo e bem trabalhado roteiro de Haggis, Crash é um filme que está acima da média de muitos dramas lançados nos Estados Unidos nos últimos anos.
Por Ronald Perrone


PS: Texto publicado anteriormente no antigo blog do Cine Art e republicado agora pela vitória de Melhor filme no Oscar 2006.