28 de março de 2006

Walk the Line e Dark Star

Johnny & June
e 1/2

Walk The Line, EUA, 2005. DE James Mangold. COM Joaquin Phoenix, Reese Wintherspoon. 136 min. FOX. DRAMA.

Johnny Cash é uma das grandes lendas da música mundial. Virou o country de cabeça para baixo com o seu dedilhado rápido e constante, e letras que passam longe das adocicadas do gênero. Era facilmente visto com Elvis, Roy Orbison, Dylan, Lewis... Enfrentou problemas com drogas não só uma, mas três vezes. Foi ator, apresentador de programas e reverenciados por roqueiros como U2 e Nine Inch Nails. A riqueza da vida de Cash nunca caberia em um longa de duas horas e é essa sensação vazia que incomoda em Johnny & Hune.

O filme do diretor James Mangold (do bom Garota Interrompida) é uma obra sólida, bem construída até para quem nunca ouviu “Walk The Line” ou “Hurt”, mas peca justamente por se apoiar no maldito “Manual de Biografias das Celebridades Mortas” da atualidade que Ray fez melhor: pegue um gênio atormentado (Cash, vivido pelo ótimo Phoenix, que sofre com a perda do irmão mais velho); adicione um problema com as mulheres (no caso de Cash, June Carter, na medida por Witherspoon); divida por uma batalha intensa contra as drogas; multiplique por um bocado de ótimas canções e eleve ao quadrado com referências a outros grandes mitos da música.

Dentro desse formato quase sempre restrito, Jhonny & June escapa da mediocridade, porém nunca alcança a genialidade.
Por Felipe Mappa


Dark Star



Dark Star, EUA, 1974. DE John Carpenter. COM Brian Narelle, Cal Kuniholm, Dre Pahich, Dan O'Bannon. 83 min. USC. FICÇÃO CIENTÍFICA.

Em seu primeiro longa, John Carpenter nos brinda com uma divertida e até mesmo poética (?) sátira de ficção científica. Levando em consideração que Carpenter ainda era um estudante de cinema e não tinha recursos para uma superprodução, Dark Star é no mínimo obrigatório para os fãs do diretor de Halloween, Fuga de Nova York e muitos outros filmes que de Horror, Ficção e Ação que constituem de uma característica própria do diretor. E tudo começou nesta pequena obra. Aliás, muitos detalhes de direção, mise en scène, que Carperter utilizaria em filmes posteriores podem ser conferidos em Dark Star como forma de experimentação.

Um grupo de astronautas barbudos, tripulante da nave Dark Star, vaga pelo espaço destruindo planetas instáveis para a colonização espacial. Além de situações clichês de filmes de ficção (porém muito bem elaboradas), o filme mistura outras situações que, até então, não era muito observada em filmes de ficção como o cotidiano dos personagens.

Os efeitos especiais toscos (que dão um charme e geram boas risadas), as idéias, a forma, os sons, as situações criadas dão ao filme um ar cult. Até mesmo um ser alienígena feito de uma bola de plástico consegue criar uma tensão sem deixar de ser bizarro e engraçado. Sem esquecer também da trilha sonora do próprio Carpenter, principalmente para dar o tom de suspense. O final pessimista é, ao mesmo tempo, libertador (a parte poética). Não teria o mesmo resultado se fosse feito hoje em dia com efeitos especiais de ponta.
Por Ronald Perrone, o saudosista