10 de outubro de 2006

O Lobo

e ½

El Lobo, Espanha, 2004. DE Miguel Courtois. COM Eduardo Noriega, Silvia Abiscal, Jose Coronado. 123 min. Paris/LK-TEL. SUSPENSE.

Contando uma história verdadeira, O Lobo sobressai-se por ser um dos poucos filmes exibidos em terras tupiniquins que trata da ETA, a radical organização basca que há vários anos luta pela própria independência daquela região do norte da Espanha. Os preceitos ideológicos do movimento separatista, que já foi responsável por muitos atentados terroristas, chegam a ser expostos com uma certa didática no início, mas são diluídos em função do problema central: a conduta de Txema (Nogueira, do bom Plata Queimada). O cidadão, empregado da construção civil, preocupava-se em levar a sua vida e manter a distância de qualquer manifestação política. Mas um incidente acaba o tornado um ativista à rivelia. Mais tarde, preso em uma operação da ETA, é coagido a ser informante para as autoridades do governo do ditador Franco. Ao acompanhar durante vários anos esse jogo duplo que perturba a vida familiar de Txema, a fita de Miguel Courtois resulta em um bom suspense, captando de forma precisa a força das circunstâncias em contextos abalados por conflitos e guerras internas. E, embora resvale às vezes em certo maniqueísmo, expõe sem fazer julgamento moral não só a conduta de um delator, mas também os processos de manipulação e de luta pelo poder que existem tanto em grupos políticos aparentemente com motivação patriota, como entre as autoridades de qualquer regime.


Por Felipe