6 de novembro de 2006

Os Infiltrados

Os Infiltrados



The Departed, EUA, 2006. DE Martin Scorsese. COM Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Martin Sheen, Alec Baldwin, Mark Wahlberg. 152 min. Warner. POLICIAL.

Filme do Scorsese novinho em folha. É de alentar qualquer fã. Principalmente se retorna com o tema que o transformou num dos grandes mestres do cinema americano. O submundo do crime já foi propósito dos melhores trabalhos de Martin Scorsese, vide Caminhos Perigosos (1973), Táxi Driver (1976), Os Bons Companheiros (1990), Cassino (1995), etc. Seus dois últimos filmes não foram tão receptivos pelo público e nem por uma parte da critica. Muitos chegaram a mencionar que Scorsese havia se vendido para a indústria hollywoodiana. Enfim, Gangues de Nova York (2002) e O Aviador (2004) são superproduções hollywoodianas, mas sempre serei um defensor dos dois, essencialmente Gangues de Nova York, que faz um relato histórico do submundo do crime tão abordado por Scorsese.

Os Infiltrados é o remake de Conflitos Internos (2001), filme de Hong Kong, que narra as peripécias da policia infiltrada na máfia e a máfia infiltrada na policia. Galgando para o ocidente, a máfia irlandesa é a bola da vez. Aliás, a película coloca os irlandeses contra a parede durante toda a projeção. Através dos diálogos, uma péssima impressão irlandesa é passada, mesmo que de forma superficial, somente nas conversas, para compor o roteiro, que é muito bem escrito por William Monahan (Cruzada, eca!), repleto de falas afiadas e frases de efeito, com a pieguice de sempre, porém, mais funcional e nostálgico. Em determinados momentos parece filme policial dos anos oitenta. Uma beleza!

Com um orçamento mais limitado, Os Infiltrados torna-se um filme “menor” entre os que estava realizando. Só que, “menor” aqui, é encarado como elogio. É um filme mais simples, porém muito elaborado. A própria direção não possui as imagens rebuscadas e planos característicos do cinema scorsesiano. É uma direção mais sutil onde se destaca o ótimo elenco e o roteiro empanzinado de situações tensas. Além da edição, que faz o filme fluir de maneira ágil, sem se perder em nenhum instante. Apesar de não haver cenas de violência explicita como em Cassino, ou a violência psicológica de Táxi Driver, os fãs não vão se decepcionar com Os Infiltrados, que trás uma boa dose de violência regada a bastante sangue.

Mas o grande atrativo de Os Infiltrados é o elenco. Scorsese deixou o filme por conta dos atores que retribuíram à altura. Jack Nicholson está maravilhoso. É um dos seus melhores papéis em muitos anos como o grande chefão da máfia irlandesa, Frank Costello. Totalmente à vontade para representar e improvisar, Nicholson faz seu personagem ser o mais natural entre todos, apesar de ser estilizado, e arrisco uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante. Matt Damon consegue uma atuação competente, felizmente, já que seu personagem tem uma importância tremenda à trama. Ele vive o infiltrado dentro da policia pela máfica irlandesa. Já Leonardo diCaprio surpreende novamente. Parece que a cada parceria com Scorsese, sua arte de interpretar aumenta gradativamente. DiCaprio, bastante expressivo, faz o papel do policial infiltrado na máfia. Se continuar assim, já pode assumir mesmo o posto de Robert de Niro. O resto do elenco só contribui para o bom funcionamento do filme.

Simples, mas muito bem pensado, com um elenco super afiado, um roteiro bem escrito com muitas situações envolventes, causa um grade efeito nos fãs. Os Infiltrados é o melhor trabalho do diretor desde Cassino e já se coloca na minha lista de melhores do ano (será?). Passou na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e já tem estréia comercial confirmada para esse fim de semana. Imperdível.

Por Ronald