22 de março de 2007

Saraband

Saraband



Suécia/Itália/Alemanha/Finlândia/Dinamarca/Austria, 2003. DE Ingmar Bergman. COM Liv Ullman, Erland Josephson, Borje Ahlstedt, Julia Dufvenius. 120 min. Sony. DRAMA.

Há quase um quarto de século atrás, Ingmar Bergman anunciava o fim de sua brilhante carreira como diretor de cinema com a realização de Fanny e Alexander (82). De lá pra cá passou a se dedicar ao teatro, à ópera e à televisão. Saraband, que foi lançado no ano passado pela Sony, diretamente em DVD (e com apenas um making off de extra...), faz parte da produção televisiva do cineasta sueco. Na verdade, trata-se de uma espécie de continuação de Cenas de Um Casamento (73), muito embora tenha autonomia suficiente para ser visto independentemente. Os personagens são os mesmos do filme anterior: Marianne (Ullman) e Johan (Josephson). Depois de um casamento de muitos anos, da separação e de um retorno desastrado, os dois se reencontram. Ela vai visitá-lo e se depara com um drama familiar que envolve Henrik, filho de Johan de outro casamento, e Karin, neta do ex-marido.

Como numa cadeia alimentar emocional, por assim dizer, o pai engole o filho, que engole a filha, que por sua vez recorre à ajuda do avô para não capitular. Cria-se aí um círculo vicioso em que todos inventam armadilhas emocionais para manter os outros a sua própria sombra. Marianne assiste e participa desse jogo como uma espectadora ativa, cuidando para que a parte mais frágil e exposta não entre nessa linha de montagem catastrófica. Um Bergman autêntico, maduro, pessimista e muito bem filmado.

por felipe