12 de julho de 2008

Um Mundo Perfeito (1993), de Clint Eastwood

Galã de filmes convencionais, Kevin Costner me surpreendeu muito neste trabalho do velho Clint que, inicialmente, queria Denzel Washington como protagonista. Não seria tão surpreendente, já que a cara de bobo e o olhar distraído de Costner contribuíram bastante para o tom ambíguo que o seu personagem exigia, o que poderia soar caricato em Denzel.

O filme é um road movie onde Butch (Costner), um ladrão que escapa da penitenciária, acaba tomando como refém um garoto de uns 8 anos para garantir a sua fuga, o que leva à uma jornada onde bandido e refém estabelecem uma relação que evoca seus passados, toca dois universos diferentes e estrutura um filme muito mais complexo e interessante que aparenta ser.

Sem dúvida alguma, é um dos trabalhos mais maduros de Clint Eastwood que acerta em cheio ao colocar como peça fundamental a relação dos dois personagens. A estrutura narrativa que rege todas as situações entre Butch e o garoto é de uma sutileza que poucos diretores americanos teriam a sensibilidade de conceber.

Nas mãos de um Spielberg (que originalmente estava escalado para assinar a direção) poderia se considerar um desastre. Principalmente porque um dos temas que o filme aborda é justamente uma das obsessões do diretor de E.T.: trauma fraterno. Ambos os personagens centrais o têm. Mas enquanto Clint possui sabedoria e sutileza suficiente para abordar essas questões, spielberg já banalizou o tema em seu currículo.