Caché, França, Áustria, Alemanha e Itália, 2005. DE Michael Haneke. COM Daniel Auteuil, Juliett Binoche, Maurice Bénichou, Lester Makedonsky. 117 MIN. Les Films du Losange. DRAMA

O cinema de Haneke é muito autoral. Não se consegue distinguir qualquer influencia do diretor. Talvez, alguma coisa de Stanley Kubrick, mas nada que se possa apontar com clareza. Em cada filme, enquanto tantos diretores tentam criar novos conceitos, estilos, detalhes estéticos, novas linguagens, como Lars Von Trier, por exemplo, (não que isso seja negativo, já que, eu, particularmente, prefiro Lars Von Trier), o cinema de Haneke parece voltar no tempo. Haneke faz tudo da maneira clássica, e é esse detalhe que torna seus filmes mais elegantes e extremamente realistas.
Andam dizendo que Caché (2005), é seu filme mais acessível. Talvez seja mesmo, mas não deixa de manter a mesma qualidade dos filmes anteriores. Haneke sempre foi um diretor maduro quando iniciou sua carreira no cinema (já com certa idade), e em Caché não deixa de manter a identidade de sua mise en sene, como a simplicidade na composição de cenas, o controle sobre os atores em longos planos seqüências, a ausência de trilha sonora e é claro, deixar em aberto muitas lacunas para que o público reflita e preencha os espaços vazios. Sendo assim, fica uma duvida quanto à acessibilidade do filme. Talvez seja a presença de dois grandes atores do cinema francês, Daniel Auteuil e Juliett Binoche, vivendo papeis do casal já citado, George e Anne, e que, no filme, têm um filho de doze anos. A trama do filme é em cima da reação da família após o recebimento de algumas fitas de forma misteriosa, contendo gravações da sua casa (o mesmo enquadramento dos créditos iniciais) e desenhos bizarros. A trama lembra bastante os filmes de suspense e isso deve atrair um bocado de gente nas salas de cinema. Aqueles que estão acostumados com Hollywood vão acabar se arrependendo esperando soluções que o filme não proporciona.
Não vale muito a pena dissertar sobre a trama. É importante o espectador descubra cada fragmento de película; cada situação vivida pelos personagens, cada descoberta ou não descoberta, e a dialética que o filme faz. Haneke sempre abriu espaço para criticar algum detalhe social/político/econômico nos seus filmes. Mesmo que de forma muito sutil. Caché explora o lado da formação de um cidadão. A importância de uma boa infância e as conseqüências que pode se resultar de uma má criação ou trauma infantil. Nada disso é gratuito. A dialética de Haneke não é gritante nem expõe demais, apenas cochicha no seu ouvido.
Por Ronald Perrone
Hotel Ruanda
Hotek Rwanda, África do Sul, Inglaterra, 2004. DE Terry George. COM Don Cheadle, Sophie Okenedo, Nick Nolte, Jean Reno. 121 min. DRAMA.

Por Felipe Mappa